Foi durante uma viagem ao exterior que a advogada Thais Romfeld de Lima, descobriu o gin. Ao experimentar o drink Dry Martini ela soube que era feito com gin e foi pesquisar sobre a bebida. Isso foi em 2015 quando aconteceu um “boom” de cervejarias artesanais.
“Pensei comigo mesma: se o gin poderia ser feito de forma artesanal como as cervejas estavam sendo feitas.”
Mas, com uma carreira consolidada como advogada e muito trabalho, a Thais não tinha nem tempo para pensar seriamente sobre isso, só que a ideia nunca saiu da cabeça. Acabou se tornando uma estudiosa do assunto, experimentando marcas de gin diferentes e procurando entender melhor tudo o que envolvia a produção da bebida. Em 2018, durante uma viagem de férias, visitou destilarias para conhecer outros processos de fabricação como de vodka, rum, whisky, conhaque e até mesmo a cerveja e se apaixonou ainda mais pelo trabalho. Em um dos muitos cursos que fez pelo país, teve a experiência de fazer sozinha o gin.
“Foi a primeira vez que tive contato com a operação de um alambique e a escolha de botânicos, processos de padronização e envase.. fiquei mais interessada ainda, despertando a vontade de ter uma marca própria”
Depois de um curso em Minas Gerais, onde aprender a operar um alambique, já voltou para casa com um equipamento comprado. Todo esse planejamento foi essencial para, aos poucos, a Thais ter certeza que o ciclo como advogada, especialista em Direito do Trabalho, estava se encerrando.
“Sempre fui apaixonada por essa área, mas o Direito em si nunca foi minha paixão. Quando a gente é muito nova, principalmente na minha época, a necessidade de escolher uma profissão de forma rápida porque você precisa, e todo mundo está indo para a faculdade é uma pressão muito grande, eu escolhi o Direito porque era o que mais encaixava no meu perfil naquele momento”.
Grata por tudo que a profissão lhe proporcionou, inclusive a condição financeira para fazer cursos e abrir um novo negócio, ela partiu plano b. A Thais é a primeira mulher do Brasil a produzir gin. Começou em plena pandemia e para enfrentar as dificuldades do início foi atrás de cursos básicos de empreendedorismo. Aprendeu sobre vendas, marketing, precificação. Hoje, produz 50 garrafas por lote com uma capacidade mensal de aproximadamente 3 mil litros. A produção é pequena, segundo ela, para que a bebida não perca a essência artesanal.
“O meu diferencial é exatamente o fato da produção ser "small batch", que quer dizer pequenas bateladas, pequenos lotes, o que o torna exclusivo”
Thais explica ainda que utiliza 9 botânicos, 7 importados e 2 nacionais, sendo estes dois nacionais cultivados de forma orgânica na própria destilaria, a mexerica e o limão rosa.
“Estes dois são colhidos no momento da destilação, o que confere um alto grau de frescor ao produto”
O processo de produção é bem lento. A destilação demora cerca de 7/8 horas e o processo todo cerca de 21 dias (entre infusão, maceração, destilação, padronização e envase) para garantir maior qualidade ao produto final. A venda é feita em distribuidoras, bares, restaurantes e diretamente ao consumidor final.
A expectativa é que com o aumento da capacidade produtiva ela consiga chegar a todas as regiões do Brasil. Embora seja de consumo da maioria das mulheres, a produção do gin ainda é dominada pelos homens, e um dos desafios da Thais é quebrar barreiras até na hora da negociação para vender o produto, uma vez que a empresária percebe a facilidade de negociação se é feita entre homens.
Tomada a decisão de mudar de área, a empresária diz que, hoje, a paixão pelo que faz a deixa completamente feliz e realizada.
A dicas da Thais
- A primeira é não ter medo de mudar.. a mudança é difícil, principalmente quando você está segura e há anos fazendo a mesma coisa.. mas se está infeliz e tem algo que sente vontade de fazer.. acredite porque o nosso potencial tem a capacidade de mudar tudo.
- Não tenha medo de julgamentos eles vão acontecer.. vá em frente, acredite em você sempre.
-Estude, sim, estude, não é porque queremos, não temos medo, amamos o que fazemos que podemos deixar de estudar. Temos que estar constantemente buscando conhecimento.
- Além disso, ao sair da zonha de conforto conhecemos pessoas incríveis e isso muda tudo.