Empreendedora manauara desenvolve um novo jeito de comer tapioca e viraliza nas redes sociais

17 de março de 2024 por Vanessa Brollo

Tudo começou em 2016, quando Marcela Martins fazia um intercâmbio no Canadá. Com as dificuldades devido às baixas temperaturas, a empreendedora, até então advogada, procurava uma maneira prática de se alimentar e após comer uma fatia de pizza enrolada, ela teve a ideia de utilizar aquele formato para fazer um novo estilo de tapioca, aproveitando a versatilidade do prato brasileiro. 

De volta ao Brasil, o primeiro passo foi registrar a ideia, garantindo os direitos sobre a novidade. “Eu ainda estava no Canadá quando contei ao meu pai a ideia que eu tive, que queria produzir tapioca em formato de cone, ele acreditou no que apresentei para ele e sua primeira orientação foi: venha para o Brasil e registre sua patente, pois essa é uma ideia genial”, conta Marcela Martins, fundadora da Konioca.

Após o registro da patente, a empresária partiu em busca de uma equipe de engenharia, para desenvolver a máquina que ela idealizou para a produção das tapiocas em formato de cone. A primeira tentativa foi no estado de São Paulo e acabou não dando certo. Em 2017, de volta a Manaus, ela conseguiu desenvolver uma parte do equipamento, mas ainda não era tudo que ela desejava. 

“Eu acreditava muito na minha ideia e queria que tudo fosse exatamente como pensei, então eu não desisti. Ainda em 2017 fiz uma viagem a Belo Horizonte e na estrada eu percebi que havia muitas fábricas de produtos típicos mineiros, entre eles as panelas. Então eu pensei, quem faz panela pode fazer máquina para tapioca e então eu me mudei para lá em busca desse sonho”, comenta a empresária.

Foram dois anos de muitas tentativas, até que em 2019 em uma parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG,) surgiu o protótipo que transformaria o sonho da Konioca em realidade, mas foi em Manaus que a empresária conseguiu uma fábrica para produzir o equipamento em escala. 

Em 2020 a pandemia chegou, mas não foi um empecilho para Marcela, que seguia em busca do seu sonho. Desta vez o obstáculo foi outro: a goma de tapioca.

“Com a máquina pronta o nosso desafio foi desenvolver uma goma de tapioca que funcionasse com o equipamento, garantindo a textura correta e o sabor clássico da tapioca”, explica Marcela. 

A empreendedora conta que testou diversas receitas e não conseguia chegar no ponto que ela desejava, foi então que ela saiu em busca da goma perfeita. Começou a frequentar feiras e eventos locais em Manaus, estudando o assunto e entendendo como cada um produzia sua versão da tapioca. Foram oito meses de testes e estudos sem alcançar o resultado desejado. 

Marcela conta que acreditava na Konioca e sabia que estava no caminho certo, mas estava cansada. “Eu decidi tirar alguns dias de férias e voltaria a advogar para levantar dinheiro. Chegando em São Paulo encontrei uma goma e me surpreendi pois ela vinha em uma caixa e tradicionalmente as gomas são vendidas em outro tipo de embalagem. Eu decidi fazer um último teste e entrei em contato com o fabricante, foi aí que chegamos à receita que eu procurava para a tapioca perfeita”. 

Com a receita e a máquina funcionando, a Konioca virou realidade e era um sucesso por onde passava.

“Vinha gente de todos os cantos interessada em conhecer a Konioca, tanto para experimentar o produto quanto para entender sobre o negócio. Foi aí que eu entendi que existia um modelo de franquia em minhas mãos e eu parti para o seu desenvolvimento”, comentou Marcela. 

A empresária contratou uma equipe de consultoria para o estudo e desenvolvimento do modelo de franquias, mas em paralelo abriu a sua primeira loja física em um shopping em Manaus. A unidade acabou não funcionando como o planejado, mas Marcela aproveitou a oportunidade e a transformou em um laboratório para realizar todos os testes possíveis e seguir para as próximas unidades sem cometer os mesmos erros.

Marcela comenta que o prejuízo financeiro foi de aproximadamente 2,3 milhões de reais, mas para o negócio foi muito importante.

"Aproveitamos essa loja para testar todos os protocolos e procedimentos, para verificar a questão do estresse na máquina, o armazenamento da goma e realmente desenvolver o melhor modelo de loja. Já tínhamos o prejuízo, precisava de alguma forma fazer valer a pena”.

Em dezembro de 2022, com o modelo de loja e negócios em mãos, a empresária pegou sua máquina e se mudou para São Paulo, com o lema "Uma mala, uma máquina e um sonho". Com dois dias na cidade a empresária fechou o aluguel de uma unidade no bairro da Vila Olímpia e começou a receber muitas propostas para eventos, inclusive foi convidada para participar do programa Shark Tank, que trouxe ainda mais oportunidades.

Como tudo que é bom é compartilhado, as tapiocas da Konioca viralizaram em uma rede social em um vídeo que chegou a ter mais de 30 milhões de visualizações e fez a tapioca ser o viral gastronômico mais famoso de 2023. Esse viral impulsionou ainda mais o crescimento da Konioca, que encerrou o ano com 12 novas unidades.

“O ano de 2023 foi o ano em que a Konioca se consagrou entre os principais players da gastronomia no Brasil. Encerramos o ano com 12 lojas inauguradas e 50 vendidas, que de acordo com nosso plano de expansão, serão inauguradas até abril de 2024”, finaliza a empresária.

@koniocaoficial