A ideia da Ariadne Zippin de criar uma panificadora móvel, a Pani em Casa, foi o que inicialmente chamou a minha atenção, mas conversando com ela descobri uma história de superação, uma história de sucesso depois de um AVC.
A Ariadne era professora de marketing, tinha uma distribuidora de produtos pet, uma empresa de consultoria e era presidente de uma ong que dá consultoria jurídica gratuita. Ela também é membro da academia de letras José de Alencar. Ah sim! Ela também é casada, tem duas filhas e sete cachorros. Com tantas atividades, trabalhava 18 horas por dia, inclusive nos finais de semana, vivia estressada e ainda tinha que controlar uma hipertensão.
Até que.... Até que o corpo pediu para parar. Ariadne teve um AVC ( Acidente Vascular Cerebral). Do momento que percebeu que não estava bem até a chegada da ambulância a Ariadne já não falava e não andava e os médicos avisaram que ela dificilmente voltaria a falar. Mas ela conseguiu evitar a sequela e voltou a falar, no início gaguejando, mas se comunicando. Depois de um ano em casa ela começou a pensar em uma maneira de ganhar dinheiro, afinal teve que abrir mão de uma boa renda por conta do problema de saúde. Teve a ideia de fazer pão, até como forma de fisioterapia. Ela também precisava se exercitar e decidiu sair andando pelo bairro onde mora, em Curitiba, oferecendo pão. As pessoas começaram a comprar e também pediam bolos, salgados... A Ariadne, que antes não sabia cozinhar, foi ampliando o número de produtos e melhorando ainda mais a fala. “Como as pessoas não sabiam se eu era professora eu não tinha vergonha por estar gaguejando e assim eu comecei a me sentir bem melhor”, diz.
Depois do sucesso vendendo de porta em porta ela lembrou que a avó passou um tempo doente e não podia sair nem para comprar pão. Assim surgiu a panificadora móvel. A Ariadne comprou um carro que ficou meio parecido com o furgão do Scooby Doo. Uma graça! Ela produz de manhã e sai de tarde para entregar, obedecendo a um roteiro semanal. O furgãozinho sai recheado de pães, bolos e salgados. Os números comprovam o sucesso. No início foram 4 pães, hoje são vendidos de 200 a 300 pães por dia. Experimentei o pão caseiro e o pão de linguiça. Muito bom!!!! A Ariadne diz que o AVC foi o que melhor lhe aconteceu na vida. A profissional agitada sem tempo para nada hoje se dá ao luxo de entregar o pão e também parar para tomar café com os clientes, conversar. Aliás, o trabalho que no início foi uma terapia para a Ariadne, hoje acaba sendo a terapia de outras pessoas que adoram um bom bate papo na hora da entrega do pão. “Aposentei o salto, a roupa executiva e se o brinco não combina com o colar, sem problemas. O importante é me sentir bem”. Das atividades antes do AVC a Ariadne continua presidente da ONG, que é um trabalho voluntário. “Eu abri mão de tudo e não me arrependo de nada”.
- Seja você mesmo. Quando comecei com o pão, muita gente me criticou, como assim uma professora fazendo pão? Quando comprei um carro velho novamente falaram que era loucura.
- A gente tem que ter um olhar mais de criança. A vida fica muito mais colorida e mais divertida. Você tem que trabalhar se divertindo.
-Olhe para dentro de você. Faça o que te faz feliz. Vá em frente!