A Marina Ribeiro e a Luisa Piechnik (mãe e filha), têm uma loja virtual de roupas infantis. Mas no site não tem nada que indique o que é roupa para menino ou para menina. Não definir o gênero é o diferencial das empresárias e tudo começou com uma necessidade da própria Marina. Mãe de três meninas a Luisa, a Marta e a Paula, a Marina só encontrava roupas com as cores rosa, branca ou lilás. “Cheias de enfeite, algumas vezes com paetês! Nada a ver com as crianças cheias de vida, dispostas a subir em árvores, correr no quintal e se enrolar com os cachorros que moravam em minha casa”. E, segundo ela, o mesmo problema se repetia com sapatos e brinquedos. A Marina já tinha tido uma confecção e trabalhou um tempo com cargo comissionado em uma prefeitura da região metropolitana de Curitiba, até que decidiu partir Plano B com uma confecção de roupas diferenciadas para crianças. Segundo a empresária, a pergunta : “É para menino(a)?” ainda é recorrente. “Mas muitas vezes encontramos depoimentos como esse: "fiquei cativada assim que vi que não tem a separação por gênero". Devagar estamos nos posicionando e conquistando quem já tem a nossa visão e até quem não tem”.
Ela e a filha confeccionam as peças e, apesar da dificuldades principalmente agora em tempos de crise, a empresária se motiva quando recebe o retorno positivo dos clientes. Como da moça que comprou um body do Bazinga (mote do Dr. Sheldon Cooper da série TBBT) e que depois mandou a foto do bebê dela mamando e vestindo o body. Ou dos trekkies que mandam fotos .
“Quando eu estou desestimulada, a um passo de dizer basta. De fechar a porta e nunca mais olhar para trás, acontece alguma coisa deste tipo, algum depoimento, alguém que escreve elogiando e isso me dá o maior gás!”
Como é apaixonada pela internet a Marina não teve dúvidas de que optaria por uma loja virtual, mas ela diz que são muitos os desafios. “Tenho que atender todas as pontas: e-mail, anúncios, mídia, post em rede social, acompanhar rastreio nos correios, tem que ter fotografia bonita, escrever no blog... enfim, as demandas são inúmeras e todas necessárias no mesmo nível de importância”. Outro desafio no dia a dia é trabalhar em família. Neste caso o principal cuidado é separar muito bema s coisas."O que é da empresa, é da empresa, o que é da família é da família. Gosto da proximidade que construímos e da cumplicidade que se desenvolve. Mas brigamos muitas vezes, claro! O mais importante é respeitar locais, horários e opiniões”.
As dicas da Marina
- Para empreender é preciso ter paciência e perseverança. Não acontece rápido, não é mágico, é como montar um castelo de tijolinhos. Um sobre o outro, um a cada dia. Uma hora cai tudo e é preciso ter força para reconstruir. A vantagem é que a cada reconstrução a gente faz melhor e melhor, mas é preciso já contar com isto desde o início. Desde que começamos com a loja, acompanhamos tantas outras que abriram e fecharam porque os empreendedores esperavam uma resposta muito mais imediata, que não aconteceu.
- Ao abrir um negócio, é preciso ter um propósito. Não apenas vender serviços ou produtos. É preciso que exista uma função maior para que as pessoas tenham a oportunidade de se envolver. Esse envolvimento vale para os clientes, parceiros, colaboradores. No ambiente virtual é bom desenvolver autoridade antes de investir. Assim, quando o negócio se iniciar, já existe um público desenvolvido. Essa é uma coisa que não fizemos e devíamos ter feito. Criado um público primeiro, para abrir a loja depois. Isso é mais fácil de ser feito no ambiente virtual do que no físico, então é preciso aproveitar.
- Baixar a ansiedade, porque o ambiente é muito dinâmico e muito abrangente. Quando a gente pensa que dominou determinado ponto, já tem duas ou três coisas novas para serem assimiladas. Isso torna o trabalho estressante e é uma particularidade do ambiente virtual. Além de produção, atendimento, financeiro, rh, é preciso estar atento às novas demandas do mundo digital que se alteram todos os dias. Acredito que isto é particularmente penoso para quem é mais velho e educou-se antes da internet. Quando estudávamos as coisas eram mais perenes e a gente se sentia mais tranquilo e mais "especialista" do que hoje. Agora, cada vez que pensamos que aprendemos determinada coisa, aquilo já está próximo da obsolescência. Então, precisamos aprender a "não saber" e buscar acompanhar as mudanças o mais próximo possível.