Empreendedora social leva projeto de dança e cultura para crianças e adolescentes da periferia de Curitiba

19 de novembro de 2021 por Vanessa Brollo

Unindo sonho com propósito, a empreendedora social Camila Casagrande é um exemplo de liderança feminina em Curitiba, no Paraná. Nascida na periferia da capital paranaense, teve uma infância humilde e com poucos recursos. Filha de doméstica e caminhoneiro, estudou em escola pública e seus pais sempre a incentivaram a ter educação de qualidade. Aos 12 anos, Camila vendia pulseiras para juntar R$ 18 por mês para fazer ginástica no contraturno escolar e, aos 15 anos, teve a primeira experiência artística na escola pública onde estudava, apresentando uma coreografia de dança com suas amigas na semana cultural.

“Ao terminar a minha primeira apresentação, vivi algo novo, inesquecível e transformador. Me questionei sobre porque eu só havia sentido essa sensação de pertencimento com 15 anos e decidi tornar o aplauso acessível para outras pessoas”


E com este objetivo, a empreendedora social montou um grupo de dança para crianças e adolescentes da comunidade em 2008, chamado Grupo de Dança Senses, e começou a dar aulas no pátio da escola em que estudava, ensinando coreografias que copiava dos vídeos no YouTube. Bolsista do ProUni, cursou Publicidade e Propaganda e fez especializações em Gestão da Arte & Produção da Cultura, MBA em Dança - Gestão e Produção Cultural, Empreendedorismo Social e Negócios Sociais e se formou como Líder Social na Falcons University.



“Por dez anos, ensinar dança fez parte dos meus planos. Vi a transformação acontecer na vida das crianças que não tinham nada. Crianças que tinham todos os motivos para escolher o caminho do crime. Crianças que também experimentaram o poder do aplauso, do apreço público e que optaram pela arte”

 


Em 2017, Camila entendeu que além do impacto que já havia gerado, poderia gerar multiplicadores deste e atender ainda mais crianças. Fez o convite para que seus alunos se tornassem professores e fundou o Instituto Incanto, que atende crianças e adolescentes em vulnerabilidade social por meio da arte e da cultura, com aulas de dança, teatro, música, circo, artes visuais, cultura e tecnologia.Atualmente, o Incanto atende várias ocupações e favelas de Curitiba e Região Metropolitana e conta com cerca de 120 voluntários ativos. Já impacta a vida de 510 crianças e adolescentes por meio de 17 ONG´s parceiras, que recebem as aulas desses professores distribuídas em 11 comunidades, além de outras 200 crianças atendidas diretamente no Centro Cultural Incanto, inaugurado em julho de 2021.

Para Camila, o empreendedorismo social feminino deveria ser estimulado para gerar impacto positivo no mundo, seja por meio da educação, políticas públicas ou cultural.

“As mulheres ainda não são vistas em cargos de liderança. Acabamos seguindo carreiras que são padrão e somos pouco incentivadas a ter o próprio negócio. Nós devemos e precisamos ocupar todos os espaços que nos são de direito, e aproveitar a sensibilidade feminina que temos para impactar positivamente a vida do próximo”

 

www.institutoincanto.org.br