Deixou o CLT para cuidar da saúde mental e estar mais próxima da família

02 de junho de 2025 por Vanessa Brollo

A vida é feita de ciclos, e às vezes, o que começa como um "Plano B" acaba se tornando um caminho de propósito e realização. Essa é a história de Patrícia Adame Nocera, uma pedagoga que dedicou 17 anos ao desenvolvimento organizacional e humano em grandes grupos de educação, mas que hoje se reinventa como artesã têxtil, unindo sua expertise em pessoas com sua paixão pela criação manual.

Formada em Pedagogia, Patrícia sempre buscou ambientes onde pudesse contribuir para o crescimento das pessoas. Sua trajetória profissional foi marcada por consultorias em RH, formação de lideranças e muito aprendizado. No entanto, mesmo mergulhada no mundo corporativo, um desejo silencioso a acompanhava: a vontade de explorar sua veia criativa.

Em 2018, com a chegada do seu filho, decidiu dar uma pausa para viver a maternidade com mais presença. Dois anos depois, em meio à pandemia, surgiu a oportunidade de testar um novo caminho: começou a produzir cestas de presentes personalizadas, um projeto que a conectou com o fazer manual. Mas, em 2021, voltou para a área da educação para ter outra vivência em ambiente educacional.

Ela conta que foi um período de muito crescimento, mas também de desgaste. Em 2024, após um episódio que afetou sua saúde mental, Patrícia e seu marido tomaram uma decisão corajosa: priorizar o bem-estar e antecipar planos que ainda pareciam distantes.

O crochê, o bordado e a costura sempre estiveram presentes na vida de Patrícia, herdados das mulheres de sua família.

"Minha avó paterna, sempre estava com as mãos ocupadas tecendo; a avó materna, inspiradora com seus bordados; e minha mãe, mestra na máquina de costura e uma das minhas maiores críticas (no bom sentido!). Essas referências me levaram a descobrir o mundo da arte têxtil, onde encontrei um espaço para expressar a criatividade de forma única.”

 

Hoje, ela se dedica especialmente ao trabalho com cordas e cestaria, ressignificando técnicas ancestrais em peças contemporâneas.

"Gosto de valorizar o passado e contar histórias através do que produzo", diz.

Cada peça carrega um pouco de sua jornada e intenção, tornando-se mais do que um objeto, mas uma narrativa em forma de arte.

 

A transição do CLT para o empreendedorismo artesanal não foi fácil. As finanças mudaram, os planos precisaram ser repensados, mas Patrícia enxerga esse movimento como um processo de ressignificação.

"O ateliê veio como um remédio para um momento delicado. Hoje, me sinto alegre por despertar esse potencial que há tanto tempo buscava", reflete.

 

Ela ainda vende exclusivamente online, mas já busca parcerias para expandir seu trabalho.

“O maior aprendizado? Equilíbrio. O ateliê não é uma pausa nas responsabilidades, mas uma parte integrante da  minha vida, que precisa ser planejada e valorizada junto com tudo o mais".

 

As dicas da Patrícia

-Comece olhando para dentro e com coragem, faça uma avaliação honesta da formação que você já tem, das dificuldades que enfrentou, as habilidades que adquiriu até aqui. Esse caminho diz muito sobre os próximos passos que você deseja dar.

 

-Busque por pessoas que te inspiram, mentores de vida. Peça ajuda de pessoas que sejam sinceras contigo. Comece aos poucos, não queira abraçar tudo, a todo tempo.

 

-Estude, não pare de estudar, em todo lugar e a todo momento temos algo para aprender. Seja alguém com boas referências e críticas que valem a pena, sobre aquilo que acredita e quer ver no mundo.

 

@atelie.patricianocera