A jardineira Carol Costa era uma criança curiosa que, por conta de uma miopia, vivia com a cara colada no chão para observar plantas, flores, formigas e tudo que encontrava no jardim da casa dela, no interior de São Paulo. Acabou criando uma intimidade com esse mundo, mas seguiu outro caminho na hora de escolher uma profissão. Foi estudar jornalismo, em São Paulo, e quando ia visitar a família, a mãe dela sempre mandava uma planta na mala. “Era uma forma carinhosa de mostrar que a família estava por perto”. A Carol tinha que cuidar dessas plantas e muitas acabavam morrendo. Mas aos poucos ela foi recuperando aquela intimidade que tinha com a terra. Sempre curiosa, começou a pesquisar os nomes das plantas, aprendeu como cuidar delas ... Ela ainda não imaginava que esse amor que estava criando pelo mundo da jardinagem pudesse ser um Plano B, até porque estava indo muito bem como jornalista.
A Carol atuou em grandes veículos de comunicação e me disse que fez de tudo um pouco. Mas com quase 20 anos de redação, se cansou da rotina e de sempre fazer as mesmas coisas. Nessa altura ela já tinha feito cursos e mais cursos de jardinagem e tinha o projeto de fazer um portal voltado para a jardinagem, até porque percebia que essa área tinha potencial para crescer, assim como a áreas de gastronomia e de pets. Quando decidiu que deixaria mesmo o dia a dia do jornalismo, conseguiu um acordo e saiu com algum dinheiro. Com a certeza de que o portal sobre plantas seria um sucesso, ela contratou programador, ilustrador, repórter. Gastou todo o dinheiro e .... Quase quebrou!!!!! Os anunciantes não apareceram imediatamente como a Carol previa. Demorou pelo menos 3 anos para que as coisas começassem a acontecer, para que ela encontrasse um modelo de negócio para todas as ideias e informações que tinha sobre a área. Teve um tempo até que ficou angustiada, porque estava perdendo o tesão de trabalhar com jardinagem por não estar ganhando dinheiro. “O mais tóxico, o que mais contamina é a sensação de que você não está se dedicando o suficientes. Eu já estava trabalhando 15 horas por dia, mas não sentia o retorno”. O marido e a família foram fundamentais para dar apoio, inclusive financeiro, mas ela só conseguiu enxergar a nova fase da vida de uma maneira diferente quando fez coaching.
“Eu percebi que precisava fazer um revisão pessoal de sucesso. Eu estava sentindo prazer com a nova profissão mas a frustração estava acabando com esse prazer”. Com a orientação correta ela conseguiu voltar a focar no prazer de trabalhar na nova área, mesmo que não desse dinheiro. E foi depois disso que as coisas começaram a acontecer. Hoje o Minhas Plantas é o site líder de jardinagem no Brasil, a Carol já escreveu livros, tem participação em programas de TV e dá cursos em todo o Brasil. Não, ela ainda não ficou rica, mas conquistou alguns “luxos”, como mais qualidade de vida, consegue almoçar em casa, estar sempre em contato com a natureza e, principalmente, trabalhar com o que ama.
- O empreendedor tem que ter uma dose de teimosia. Sempre achei que aquilo que as pessoas chamam de determinação é um nome bonito para teimosia. E as vezes é necessário porque você vai ouvir muita opinião diferente da sua em relação à sua ideia.
- Cuide para que seu entorno esteja saudável. Não tem lógica sair de uma empresa que está te matando para ter uma empresa própria e se sentir frustrado. Tenha tempo para as pessoas que estão perto de você porque elas que vão te ajudar nos momentos difíceis.
- Eu não fiz nenhum planejamento antes de deixar o emprego fixo, hoje talvez tivesse adiado um pouco essa saída porque as coisas realmente não acontecem de uma hora para outra. No mundo da jardinagem também é assim, se o seu foco é só dinheiro, não vai dar certo.
- E, finalmente, uma dica que serve para empreendedores e jardineiros. Aceite os erros como parte do processo. Todo jardineiro do mundo mata alguma planta, todo empreendedor também pode cair e levantar várias vezes.