A produção de bijouterias sustentáveis ajudou no tratamento da síndrome do pânico

18 de junho de 2019 por Vanessa Brollo

A primeira crise de pânico aconteceu em 2005.  A Gita Vanderlei Coelho,  diz que não deseja isso nem para o pior inimigo. Foram diversos tratamentos com medicamentos e terapia. Certo dia a terapeuta perguntou se ela tinha algum dom para trabalhos manuais. “Nunca tinha passado pela minha cabeça fazer algum tipo de trabalho manual”. Segundo a terapeuta da Gita, isso seria muito bom, pois além de ativar a criatividade, o trabalho manual amplia o foco de atenção pois no momento da criação a pessoa não pensa em mais nada, apenas no que está criando. “Ali eu percebi que poderia transformar o meu caos – em criatividade, em alegria, em algo além dos temores trazidos pelo pânico.” Ela saiu da consulta e  se deparou com uma loja que vendia produtos para bijouterias. Separou algumas miçangas bem coloridas, pegou dicas com o vendedor e fez as primeiras peças que vendeu em poucos dias para as amigas. “Percebi que além de fazer algo que podia ajudar na minha cura eu ainda poderia ganhar uma renda extra. A partir daí retornei diversas vezes a mesma loja e comecei os meus trabalhos manuais. Sou autodidata”.

A produção das peças ajudava como terapia, como renda extra, mas profissionalmente a Gita trabalha em uma ONG Ambientalista, Onda Verde, com captação de recursos e gerenciamento de projetos. Em 2016 teve mais uma crise de pânico. Foi quando decidiu retornar com garra e coragem para alavancar aquilo em que acreditava ser o que o melhor a crise de pânico lhe trouxe, que era a produção de algo criativo. A Gita criou uma marca, Feito por Gita, que está inclusive registrada pelo INPI. Investiu em cursos do Sebrae, se tornou MEI e começou a participar de eventos . “Nos eventos descobri que o universo dos acessórios estava dominado por uma diversidade incrível, mas com pouca criatividade. Tinha muita gente vendendo coisas muito parecidas. Nesse momento decidi trilhar um caminho que eu já conhecia. O caminho ambiental”. Feito por Gita- Partiu Plano B-4

Foi então que a Gita começou a trabalhar com tudo o que ela olhasse e visse possibilidade de transformação e beleza. “Já fiz cordões com pingentes feitos de cascalhos (que achei em jardins), folhas (que achei em praças públicas), cápsulas de café (que pego com amigos) e também reutilizo peças de bijuterias que pego com amigas (bijus que seriam descartadas). Trabalho com reaproveitamento de materiais (cintos, tecidos, jornais, revistas). Misturo tudo isso a peças novas que compro e faço as minhas criações”. E a Gita fez até um curso de Ourivesaria porque pretende aliar a prata a todos os materiais que utiliza atualmente.

 

Feito por Gita- Partiu Plano B

A experiência com a síndrome de pânico acabou ajudando a Gita a se conhecer melhor, a reconhecer seus limites e a levou para um caminho sem voltam que é o da criatividade. "Esse caminho me traz alegria, leveza, beleza e consciência.Nossa!!! Eu gostaria de poder dizer para todo mundo que passa ou já passou por essa doença, por esses momentos de tantas apreensões o quanto a gente pode reverter isso para o nosso benefício. Não é o fim de um caminho…Pode ser o início de muitos outros.É fácil? NÃO!!! Mas é possível.” Hoje ela já não tem crises de pânico como antes, mas  ainda tem a ansiedade . “Já sei quando ela começa a chegar de mansinho... e eu dou conta disso. É uma questão de buscar uma boa convivência”. Sobre empreender do zero, a Gita diz que se deu conta do quanto precisava aprender sobre questões práticas e financeiras . Ela foi atrás de conhecimento, fez cursos sobre precificação de produtos,de como utilizar as mídias sociais, sobre e-commerce.“Minha rotina hoje se divide em trabalhar na ONG; e nos momentos vagos trabalhar com a minha marca. Ainda não tenho recursos oriundos da minha marca, que me possibilite uma dedicação full time.Fazer tudo sozinha é mesmo complicado, mas acredito que seja a realidade da maioria dos pequenos empreendedores. Meu sonho de consumo é conseguir algum dia ter uma pessoa que possa me ajudar com a parte burocrática, para ficar só com a parte de criação."

As dicas da Gita:

- Acho que a primeira coisa é saber o que você ama fazer. Sim. Porque empreender não é uma coisa tão simples, como as vezes a gente acha ao ver fotos bacanas nas redes sociais. Então, se vamos encarar dificuldades, vamos encarar fazendo o que amamos.

- Separe uma verba específica para isso. Empreender retirando dos seus recursos financeiros mensais, vai te gerar um rombo de caixa, que depois fica difícil de sair.

- Aprenda! Pesquise o mercado referente ao seu produto. Aprenda tudo o que for necessário para dar os primeiros passos consciente daquilo que você realmente quer. E, depois.... Trabalho. Muito trabalho. E.. Gratificação!! É reconfortante fazer o que amamos.

www.feitoporgita.com.br

 

Feito por Gita- Partiu Plano B-2

COMENTÁRIOS
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CLIDIA
18 de julho de 2019 Responder
Tenho síndrome do Pânico, depressão, acompanho muitos grupos de artesanato, de reciclagem, compro tanta coisa, junto tantas coisas úteis, tenho muitas ideias, mas não consigo executar nenhuma
VANESSA BROLLO
22 de julho de 2019 Responder
Oi Clidia, tenta focar em uma só atividade manual. Qual você gosta mais? Que tipo de artesanato? Identifica uma que você sinta muito prazer fazendo. Acho que se você focar vai conseguir. Continue seu tratamento contra a síndrome de pânico e depressão, mas faça mesmo alguma atividade manual. Tenho certeza que vai ajudar muito. Tudo de bom pra você. Vanessa Brollo
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