Quando o empreendedorismo ajuda na cura de quem ficou doente por causa do trabalho

02 de julho de 2019 por Vanessa Brollo
Você sente que está ficando doente.Começa com aquela sensação ruim só de pensar que precisa trabalhar no dia seguinte, situação que piora nos finais de semana, principalmente no domingo de noite. Depois pode evoluir para dores no estômago, tremedeira, taquicardia. Sim, muita gente fica doente por conta do trabalho. Pode ser a pressão por metas, assédio moral por parte  patrões ou até colegas ou simplesmente porque aquela profissão ou atividade  não faz mais sentido .Aqui no blog eu já entrevistei algumas pessoas que conseguiram a “cura” ao empreender. São histórias de superação que vão te inspirar, com certeza. Doente trabalho foto 1 A Gláucia Tchornobay Weidner estava estressada, cheia de cabelos brancos e 25 quilos acima do peso, quando decidiu que precisava mudar de vida. Ela entrou na faculdade de Direito muito jovem, aos 17 anos, e não parou mais. Começou a trabalhar na área logo no primeiro ano como estagiária e depois que se formou atuou sempre na área cível.Aos 31 anos ela estava como descrevi no início e ainda cheia de dívidas porque gastava tudo o que ganhava. Foi buscar ajuda e na terapia percebeu que precisava mudar radicalmente antes que prejudicasse ainda mais sua saúde. Como estava muito ansiosa, antes mesmo de decidir qual seria o seu Plano B ela abriu mão da sociedade no escritório de advocacia. “Quando cheguei no meu limite, não havia mais condições de planejamento. Meu emocional estava destruído a ponto de pensar em suicídio todos os dias pela manhã.” A maquiagem, que para ela era um hobby, acabou se tornando opção de negócio. Procurou uma escola especializada e se animou a começar a trabalhar na área. Mas lembra que ela estava cheia de dívidas? Pois é, para conseguir comprar o material necessário para se profissionalizar a Glaucia teve que tomar outra importante decisão, vender o apartamento dela e voltar a morar com os pais que deram apoio e  a ajudaram nessa fase de transição. A Glaucia hoje atende as clientes a domicílio e  já faz planos para abrir um estúdio."Agora sinto vontade de viver, de sair, de fazer coisas. Além disso, sempre saio para atender minhas clientes maquiada, arrumada e bem vestida, o que ajuda muito a manter a auto estima”. E ela tem uma dica muito importante:
“Busque e aceite ajuda. Eu passei anos sofrendo sozinha. Ninguém sabia dos meus problemas psicológicos e financeiros. Acredito que a jornada pode ser muito mais fácil e prazerosa, quando ouvimos os conselhos das pessoas que nos amam, ou mesmo de profissionais. Acredito também  que meter a cara, perder o medo, ter coragem de assumir uma nova carreira pode fazer toda a diferença”.
@glauciaweidner   Doente trabalho foto Como advogada na área de família e de contratos, a Bianca  de Fraga me disse que por um bom tempo foi feliz na profissão, só que o lado humano começou a pesar na vida pessoal. “O cabelo começou a cair, não tinha mais saúde, não sabia para onde ir”. O desgaste foi tão grande que a Bianca teve três abortos e sofreu um tempo com síndrome de pânico. Ela morava em Porto Alegre e quando o marido recebeu uma proposta de emprego, em Curitiba,ela aceitou o desafio de recomeçar em uma nova cidade. E recomeçou mesmo. Em pouco tempo engravidou. Hoje é mãe da Cecília e do Vinícius. Se deu o direito de ficar um tempo sem trabalhar e, desta fase, só lamenta o julgamento das pessoas, principalmente das mulheres. “Me perguntavam: Como assim você largou o Direito? Agora você não é nada? Vai depender do marido?” Mal sabiam que o marido da Bianca, o André, sempre foi o grande parceiro e motivador. Enquanto estava em casa, ela aproveitou para fazer muitas pesquisas, aprendeu com o Sebrae a fazer um plano de negócios .Quando foi ajudar a irmã, que decidiu montar um pet shop, em Porto Alegre, a Bianca descobriu as empresas que faziam locação de toalhas para pet shops. Afinal esses espaços são pequenos e não têm como fazer armazenamento, lavagem e secagem de toalhas. Foram 8 meses de estudo e muita pesquisa até que surgisse a Lav zoo, que lava toalhas para os pet shops. E uma curiosidade, a Bianca além de atender os donos de cães e gatos, também tem cliente até para roupas e acessórios de cavalo. Ela brinca dizendo que se alguém tiver um papagaio com jaqueta ela lava também. Os donos dos animaizinhos também levam caminhas, cobertores, roupas e até brinquedos de cães e gatos para serem lavados no local. E ela tem uma dica importante :
“Conversar com as pessoas, me ajudou muito. Porque muitas vezes você tem uma ideia mas tem medo de contar para que ninguém pegue, mas quanto mais conversar, mais te agrega informação, seja por bem ou por mal.”
@lav_zoo   Doente trabalho foto 3 A Simone Rocha descobriu que tinha Síndrome de burnout quando trabalhava no departamento de compras de uma indústria. Por conta da pressão e da correria, começou a sentir tremedeira, principalmente nas mãos, taquicardia e queda de pressão. “Não tinha vontade de fazer nada durante o dia todo, não sentia vontade de comer, mudança de humor repentina, muito cansaço, me sentia incompetente, entre outros sentimentos de incapacidade”. A Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, causado por esgotamento físico e mental, cuja causa está ligada à vida profissional. Quando procurou um psiquiatra, foi orientada a procurar um trabalho menos estressante para não virar refém de medicamentos. Foi uma decisão muito difícil. Separada e com dois filhos para sustentar ela teria que abrir mão de uma renda fixa."Fiquei entre ter saúde ou ter condições financeiras pra sustentá-los. A tomada de decisão foi feita baseada na minha fé em Deus, que nunca nos desampara. Pois sem saúde também corro o risco de não sustentá-los”. Como sempre teve o sonho de abrir uma loja de acessórios femininos, ela usou o dinheiro da rescisão para abrir uma loja virtual de acessórios. Com a loja virtual, a empresária se isenta de custos fixos como aluguel de espaço, água e luz. E também permite que ela tenha possibilidade de alcançar mais pessoas e tentar um público maior. Apesar das dificuldades de vender bem em um mês e em outro não, ela está sempre otimista e em busca de revendedoras e de parceiros que aceitem os peças em consignação.E ela também tem dica sobre loja virtual.
" Poste sempre na loja, tire fotos boas e bonitas e divulgue! Pois como diz o ditado: quem não é visto não é lembrado”.
@tobeaccessories Doente trabalho foto 2 valendo Ser feliz no trabalho é o sonho de muita gente né? Foi para realizar esse sonho que a Lígia Santos decidiu mudar e se tornar fotógrafa. Até no próprio casamento ela não resistiu, como você pode ver pela foto. Formada em engenharia da computação, a Lígia chegou a trabalhar três anos na área, só que ela não estava feliz. “Era tudo muito frio, faltava coração ali. Além disso o estresse e a tão grande que estava começando a ficar doente”. Em busca de algo que envolvesse mais amor, começou a investir na carreira de fotógrafa. Ela já era elogiada pelas fotos que tirava, mesmo assim fez um curso profissionalizante e começou. A Lígia se especializou em casamentos e casais e durante um ano trabalhou direto em uma maternidade fotografando partos. Foram mais de 300 bebês. Atualmente ela também se dedica a produzir editoriais de moda para pequenas empresas. A Lígia diz que está muito mais feliz e comemora o sucesso da nova profissão. Agora ela organiza a agenda de uma maneira que possa estar mais perto da família. “O planejamento financeiro pessoal também mudou, sou muito mais regrada. Os estudos mudaram, e o esforço aumentou, eu amadureci. O vigor voltou!”. E claro que ela tem dica :
"Conhecer a si mesmo é essencial. Todos têm limites e dificuldades para superar, saiba até aonde você aguenta ir emocionalmente, e vá no seu tempo!”
@aligiafotografia